Thursday, November 29, 2012

Utopia!

 Agrada-me um utópico crente!
Abomino o utópico consciente!
Aquele que propõe uma utopia e que acredita estar perante uma proposta concretizável é, sob o estado de loucura, um bom homem!
Aquele que propõe uma utopia e que acredita estar perante uma utopia, é um vendedor de sonhos, um demagogo perigoso e um homem execrável!
É sempre melhor seguir para o abismo com aquele que cairá antes de nós!
No entanto, não é uma fatalidade que as utopias te levem ao abismo.

Emanuel Filipe Oliveira

Monday, October 17, 2011

Austeridade!

"As vítimas do sacrifício e do espírito de sacrifício têm dele uma ideia muito diferente da dos espectadores; mas nunca lhes foi dada a palavra." – Nietzsche, Friedrich

O exercício da política é, para o comum dos cidadãos, algo que se faz de tempos a tempos, com dia marcado e com escolhas previamente definidas por aqueles que se colocam à disposição destes para esse mesmo exercício de forma permanente.
O cidadão tem três formas de efectuar as suas escolhas: pela negativa; pela positiva; pela negativa e positiva.
Escolhe pela negativa quando o seu único objectivo é castigar quem mentiu quanto às políticas que se propôs apresentar, quando se sente mal tratado pela forma como está a ser executado o mandato político e pela manifesta falta de rumo dos políticos.
Escolhe pela positiva quando encontra ideias e políticas propostas que, caso sejam seguidas, proporcionarão uma vida ainda melhor aos cidadãos.
Escolhe pela positiva e pela negativa quando todos estes factores se encontram reunidos.
O que me parece estranho e incompreensível, por parte da acção dos políticos, é que nenhum deles percebeu, até hoje, que não foram escolhidos para dizer aos cidadãos que, mesmo temporariamente, vão transformar as suas vidas em algo pior. E não quero saber se a desculpa é o desconhecimento da realidade ou a alteração das condições gerais de governação, pois convenhamos que as condições para uma boa governação alteram-se, na maioria das vezes, no momento em que o último cidadão fez o seu exercício casuístico da política!
Todos os anos a revista International Living publica uma lista dos países com melhor e pior qualidade de vida e, pela percepção que tenho, nenhum português almeja um nível de vida equivalente ao dos vinte piores que, só para citar alguns, são países como a Somália, o Iémen, a Serra Leoa, a Eritréia, entre outros. A verdade é que, legitimamente, todos os portugueses almejam ter um nível de vida semelhante ao que se verifica na Suécia, Noruega, Dinamarca, Austrália, Finlândia, Canadá ou outros que poderia enumerar.
O que nos dizem, relativamente à pretensão de viver melhor, é que somos pouco produtivos, que não geramos riqueza e que temos um estado cheio de gorduras.
A produtividade dos portugueses é, na minha opinião, a maior das falácias deste país, pois, como sabemos, a produtividade é algo que se mede pelo resultado económico do trabalho, pela riqueza financeira que é gerada pelo produto do trabalhador. Se eu vivo num país em que os seus empresários, coitadinhos, auferem os mais baixos salários relativamente aos seus congéneres europeus (não confundir salários com fortunas) e se vivo num país com as empresas mais pobres e descapitalizadas da Europa, é certo que, no que concerne ao produto do trabalho, este é medido como o mais baixo da Europa. No entanto, meus caros amigos, vivo num país onde o rácio de venda de artigos de luxo é ao nível dos melhores da Europa…que paradoxo!
É muito raro encontrar em Portugal um empresário com salário superior a três mil euros por mês, então, como será possível este senhor ter um carro de cem mil e uma casa meio milhão? Por certo, quem tem estes artigos de luxo não os vende, empresta-os aos amigos!
Não sou apologista do conceito “todos iguais”, sou apologista da verdade dos rendimentos, do contributo diferenciado para o bem comum e de uma distribuição da riqueza equilibrada e que permita a todos uma vida.
No que concerne às gorduras do estado, todos apregoam que essas gorduras são as pessoas! Pessoas que, numa lógica de egoísmo e inveja nacional, são uns privilegiados, já que o seu emprego é para a vida! Pois, mas já não é e podem ser despedidos (não vou explicar como). No entanto, se as gorduras do estado são as pessoas e tendo em conta que todos os portugueses querem um nível de vida igual ao dos vinte melhores países, talvez consigam explicar como é que, nesses países, a percentagem do emprego público em relação ao emprego total é superior à de Portugal e com mais rendimentos. Só a título de exemplo, 31% dos Dinamarqueses trabalham no estado, 22.5% dos Austríacos, 21,5% dos Canadianos, 23,8% dos Finlandeses, 24,6% dos Franceses, 31% dos Noruegueses, 32,7% dos Suecos e poderia continuar a enumerar. Esqueci-me de dizer que 18,4% dos portugueses trabalham no estado.
O que posso concluir é que o nosso estado tem “gordura”, mas esta não está nas pessoas.
Quando, numa lógica de sectarismo, se suprime os subsídios aos trabalhadores da administração pública, percebo que não se estenda a medida ao resto da nação, pois provocaria uma diminuição de IRS o que causaria de imediato alguma falta de alimento a um estado “gordo”. Mas, numa perspectiva de unidade nacional, não seria lógico que aquele dinheiro que serve para que um país tenha as empresas mais pobres da Europa e os empresários com maiores fortunas (percentualmente) fosse usado para contribuir, já que esse, ao não se saber da sua existência, não contribui para porcaria nenhuma a não ser para garantir o “empréstimo amigo” do carro de cem mil euros e da casa de meio milhão?
Não posso deixar de ficar perplexo quando um governante, com as maiores responsabilidades, numa comparação negativa (tipicamente nacional) vem dizer que a medida é sectária porque os trabalhadores da administração pública (deve ter excluído os da administração local!) ganham, em média, mais dez a quinze por cento do que os do sector privado. Devemos, em primeiro lugar, realçar o rigor da afirmação, pois dez ou quinze por cento, é, mais ou menos, a mesma coisa.
Quando alguém compara, pela negativa os cidadãos de um país quer, com toda a certeza, que todos fiquem iguais aos piores e que os piores fiquem cada vez pior, para que, na generalidade, possamos um dia afirmar que o que de facto os portugueses sempre almejaram foi um nível de vida igual ao dos vinte piores países!

Emanuel Oliveira

Friday, April 20, 2007

O Livre Arbítrio

Um homem é dotado de livre arbítrio e de três maneiras: em primeiro lugar, era livre quando quis esta vida; agora não pode evidentemente rescindi-la, pois ele não é o que a queria outrora, excepto na medida em que completa a sua vontade de outrora, vivendo.
Em segundo lugar, é livre pelo facto de poder escolher o caminho desta vida e a maneira de o percorrer.
Em terceiro lugar, é livre pelo facto de na qualidade daquele que vier a ser de novo um dia, ter a vontade de se deixar ir custe o que custar através da vida e de chegar assim a ele próprio e isso por um caminho que pode sem dúvida escolher, mas que, em todo o caso, forma um labirinto tão complicado que toca nos menores recantos desta vida.
São esses os tês aspectos do livre arbítrio que, por se oferecerem todos ao mesmo tempo formam apenas um e de tal modo que não há lugar para um arbítrio, quer seja livre ou servo.

Franz Kafka, in 'Meditações'

Tuesday, April 11, 2006

O MEU BLOG!!

Na sequência de várias conversas com alguns amigos, constatei que a grande maioria deles tinha um Blog. No entanto, a grande maioria tinha dedicado os seus Blogs a uma temática com a qual se identificavam e sobre a qual tinham um vasto domínio.
Após muitas horas de reflexão acerca do assunto sobre o qual passaria a expor as minhas ideias ao mundo (segundo os últimos artigos que li, a um mundo muito pequenino), não chegava a conclusão nenhuma. Isto acontece, pelo simples facto de não existir uma temática sobre a qual eu dedique quase exclusivamente o meu tempo livre. Restavam-me duas soluções, que passavam pelo meu trabalho, ao qual dedico a maior parte da minha vida, os acontecimentos do meu quotidiano e quais os pensamentos que tenho acerca do que me acontece enquanto vivo.
Cheguei à conclusão que, apesar de gostar de ler, de música, de desporto, do mar e de tantas outras coisa, nenhum destes assuntos assume uma posição tal que me possa condicionar a opinião com carácter de exclusividade.
Tendo em conta todos os factores, achei que a minha exposição aqui, seria tão livre quanto é livre o meu pensamento sobre as mais variadas coisas que vão ocorrendo à minha volta. Este é um comportamento que assumo, não pelo facto de valorizar o “saber de tudo”, tipicamente lusitano, mas porque não quero chegar à conclusão que sei tão pouco de tanta coisa! Talvez tenha residido aqui a minha falta de interesse pelo meu próprio Blog, pela razão de nada me ter ocorrido que justifique uma reflexão.
Vivemos num mundo onde tudo pode ser visto e descoberto, onde tudo é amplamente e abertamente discutido, mas rapidamente condenado se acontece, onde a liberdade e o preconceito se misturam como se tivessem o mesmo significado, onde tudo é visto por todos e onde já parecem não existir segredos. Em suma demos cabo das mulheres das sete saias, das minas escuras, dos encantos da noite e do vinil que mais ninguém tem. Este é um mundo aberto que se revela cada vez mais fechado e preconceituoso. O meu Blog, é apenas mais uma forma de exposição que encontrei para acompanhar este mundo, sem que as minhas palavras se revelem merecedoras de serem lidas, o que me leva a concluir, mais uma vez, que no meu Blog as minhas palavras jamais serão tão livres quanto o meu pensamento.
Assim sendo, devemos todos continuar a dar às nossas palavras toda a liberdade que o nosso mundo nos dá.

Sunday, February 19, 2006

Exercício de Contracção!

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Sabino


No final de cada dia é uma rotina socorrer-me do pensamento para avaliar a intensidade das coisas que me aconteceram.
Para mim, este não passa de um exercício que apenas tem como objectivo justificar a minha existência e para que, mesmo no vazio, possa encontrar algo que tenha tido uma intensidade razoável.
Na verdade, vivemos num mundo em que a rotina e a monotonia são uma presença constante, em que os momentos especiais escasseiam como se se tratassem de uma qualquer espécie em vias de extinção. Repugna-me o facto de todos os cigarros darem o mesmo “prazer”, de todas as rosas terem o mesmo cheiro, de todas as ondas acabarem na praia, do sol passar sempre para oeste e da chuva cair sempre na direcção da terra. Por que raio não havemos de nos inconformar com isto?
Hoje, para quebrar a rotina dos meus prazeres conhecidos, resolvi deslocar-me a um estabelecimento destinado à venda de música, afastado das grandes superfícies, já que o atendimento sempre é mais personalizado e a confiança permite que tenhamos a ousadia de pedir o que nos vai no pensamento, para comprar um cd. Quando lá cheguei, virei-me para o Augusto (funcionário do estabelecimento) e disse-lhe: “Arranja-me um cd que comprasses para ti”. Ele prontamente me aconselhou dois cds que, segundo o seu gosto pessoal, me encheriam as medidas. Mal saí da loja, a primeira coisa que fiz foi colocar os cds no carro e rapidamente descobri que apenas se tratavam de ligeiras variações relativamente ao que regularmente ofereço aos meus ouvidos.
Esta questão de dar à vida algo que nos faça desfrutar de momentos que mais tarde recordaremos como tendo sido especiais e inesquecíveis, é mesmo uma necessidade das mais essenciais que todos temos. Por isso, o estado de loucura é aquele que melhor serve ao comum dos mortais. Que se lixem o patrão, o vizinho, as análises que o médico recomendou e o diabo, vou mas é começar a jantar pela sobremesa, a ouvir música aos berros só entre a meia-noite e as sete da manhã, a dizer bom dia às seis da tarde, a dizer olá quando me vou embora, a beber Gin quando me doer o estômago e a beijar na boca quem só quer um beijo no rosto. Vou viver do “lado” que me der mais prazer, ora aí está. Quero roubar à vida aquilo que ela só me quer vender se for bem pago.
O importante, é perder o medo de viver.

Friday, February 17, 2006

Thoughts


O meu pensamento divaga inúmeras vezes sobre o quotidiano, sobre as pessoas que encontro, sobre as músicas que ouço, em suma, sobre tudo o que cointribui para construir a minha existência.São esses pensamentos e considerações que quero partilhar e sujeitar à crítica de pessoas que, como eu, se sentem tentados a tecer considerações sobre a vida.